sábado, 22 de dezembro de 2012

Religiões Tradicionais Africanas


As Religiões Tradicionais Africanas


       O mundo destes povos muitas vezes não encontram explicações satisfatórias em nossas mentalidades, que exigem provas, racionais, lógicas. O mundo tradicional liga intimamente a vida em suas manifestações.
   Nesse sentido, para entendermos melhor as religiões tradicionais africanas, é importantíssimo ter uma atitude de abertura, sem preconceitos ou pré-julgamentos.
       Tenhamos em conta - que estas religiões não possuem textos escritos ou livros sagrados, mas, se baseiam na tradição ou narração passada de geração em geração, sobre os conteúdos e a maneira de viver sua religiosidade. Isso se dá em forma de histórias, ritos, provérbios, danças, músicas, festas.
       O Concílio Vaticano II - reconheceu que as religiões tradicionais africanas são expressões de uma experiência religiosa em que estão presentes muitos elementos de verdade, de graça e que representam a grande riqueza desses povos. 
Espiritual e Material 
       A religião tradicional africana distingue dois aspectos da realidade: aquilo que é visível, físico, material e aquilo que é invisível e espiritual. Estes dois aspectos fundem-se entre sí: nenhuma coisa do mundo físico é tão material que não contenha em si elementos do mundo espiritual. Isto conduziu a crença de que há espíritos nas pedras, nas montanhas, nos rios, nos trovões, no sol e na lua... Daí a religião tradicional africana ser muitas vezes chamada também de religião animista.  (manifestação religiosa imanente a todos os elementos do Cosmos (Sol, Lua, estrelas), a todos os elementos da natureza (rio, oceano, montanha, floresta, rocha), a todos os seres vivos (animais, fungos, vegetais) e a todos os fenômenos naturais (chuva, vento, dia, noite))
       Seus praticantes vivem em profunda harmonia com todo o universo e esforçam-se para comportar-se de maneira adequada, conforme as leis morais.
       Isso significa que não existem momentos religiosos mais destacados de outros, considerados profanos, mas toda a vida é sustentada pelo elemento religioso que une os seres, o cosmo, o mundo visível e o ser superior. Todo o universo tem uma alma.
Ritos
     Ritos, cerimônias, preces... são algumas modalidades através das quais o ser humano procura se expressar e alcançar sua própria harmonia com o todo.
      Mas, o que importa é a atitude interior que caracteriza a vida dos povos tradicionais, uma atitude profundamente religiosa. Cada fato cotidiano, banal ou importante, é colocado num contexto que supera a dimensão material. 
O Ritual que Sacraliza
       Os momentos importantes da vida: nascimento, adolescência, matrimônio e morte. Existe, além disso, uma grande variedade e ritos: de iniciação, purificação, propiciação, comemoração, ação de graças, etc.
Ritos de Iniciação
       Garantem uma boa integração na comunidade dos vivos, os ritos fúnebres garantem a benevolência dos antepassados: por isso, devem ser bem feitos. Frequentemente, a iniciação é também o ingresso em uma sociedade secreta, "onde se aprendem ritos secretos, mitos secretos e mesmo uma linguagem secreta"
       Os africanos possuem lugares de culto, embora muito modestos: pequenas cabanas, altares junto aos caminhos, cumes de montanhas... As oferendas são feitas para pedir saúde, vida, sucesso. O mesmo acontece com os ritos: impera a criatividade, o movimento, o dinamismo.
Elementos
       As Religiões Tradicionais Africanas, diferentes em muitas manifestações, de acordo com os respectivos povos, possuem vários pontos comuns essenciais, mas, tendo como objeto central a vida.
Potências Espirituais
       Abaixo do Ser Supremo existem inúmeras potências mais ou menos espirituais, que se ocupam das coisas mundanas, em lugares do Ser Supremo, e que, por isso, são muitos invocadas. (como os orixás de ioruba)
Demiurgo
       A criação foi feita mediante um demiurgo (artífice) que é um antepassado mítico, as vezes identificado com o fundador do povo, do qual se devem tanto a geração do ser humano como introdução dos costumes, ofícios e ritos. 
Ritos de Iniciação
       Como todos os povos primitivos, os africanos dão importância aos ritos de iniciação que, raro exigem provas duríssimas, até sangramentos (mutilações).
Danças
       Na falta de livros, os ritos desempenham papel importante na manutenção viva e atuante das tradições religiosas e sociais. Neste sentido, as danças são fundamentais em sua importância, pois, os seus ritmos e dinamismo, dão a máxima expressão a todas as atividades do povo. 
Curandeiros
       Com artes próprias, como incisões e aplicações de ervas, e mesmo com recursos das sugestões, atendem ás necessidades do povo.
Culto
       Em geral, os africanos não possuem estátuas, nem templos e sacerdotes. Os sacrifícios de animais (porcos, cães, cabritos, aves...) não são oferecidos a Deus como adoração, mas aos orixás (espíritos intermediários), como veículo de comunicação com os vivos, já que o sangue é tido como portador de vida. 

Moral 
       Para o africano, moral e religião são praticamente a mesma coisa. As ações que prejudicam a convivência humana ou o equilíbrio das forças naturais, são punidas pela autoridade tribal ou reparadas por ritos religiosos, pois irritam igualmente os espíritos provocando calamidades públicas, como secas, enchentes, enfermidades, mortes... Desta forma, o africano se vê obrigado a respeitar os bens, a vida e a pessoa do próximo, ainda que não conheça preceitos morais impostos por Deus. O adultério é também severamente condenado, embora a vida sexual seja encarada com muita tolerância, pois se trata do exercício de uma função vital.





      


domingo, 25 de novembro de 2012

Plano de Aula - 2013



UNIVERSIDADE CAMILO CASTELO BRANCO
PÓS-GRADUAÇÃO: HISTÓRIA DA ÁFRICA E DO NEGRO NO BRASIL

  
Antonio Luzia Dias
Plano de aula apresentado para a disciplina “Ensino da História e da Cultura Africana”



Orientador: Prof. Dr. Bas’Ilele e Profª Dra. Fábia


São Paulo
Novembro
2012



ESCOLA ESTADUAL MARIA DE LOURDES VIEIRA

...“Ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de discriminação – é próprio do pensar certo a disponibilidade ao risco, a aceitação do novo que não pode ser negado ou acolhido só porque é novo, assim como o critério de recusa ao velho não é apenas o cronológico, O velho que preserva sua validade ou que encarna uma tradição ou marca uma presença no tempo continua novo.
Faz parte igualmente do pensar certo a rejeição mais decidida a qualquer forma de discriminação. A prática preconceituosa de raça, de classe, de gênero ofende a substantividade do ser humano e nega radicalmente a democracia. Quão longe dela nos achamos quando vivemos a impunidade dos que matam meninos nas ruas, dos que assassinam camponeses que lutam por seus direitos, dos que discriminam os negros, dos que inferiorizam as mulheres.”
Paulo Freire – Pedagogia da Autonomia – pp. 35, 36

DOCENTE
Professor: Antonio Luzia Dias


PÚBLICO ALVO
Alunos do 7º ano do Ensino Fundamental

JUSTIFICATIVA
Cumprimento da Lei 10.639/03 bastaria para que eu pudesse justiçar meu plano de aula, que envolve as regras já estabelecidas em planos educacionais oficiais da Secretaria de Educação de São Paulo.
No entanto, diante do que através de um olhar, onde identifico na comunidade escolar, que traz em suas características as marcas dos processos de exclusões proporcionadas pelo capitalismo que concentra uma parte da população em bolsões de pobrezas, gerando moradias precárias e os colocando a margem dos benefícios sociais sem políticas públicas direcionadas a esta população. E nesses bolsões aparecem além da exclusão social, as marcas do racismo, onde vitimadas se concentram a maior parte de pessoas negras.
Diante desse quadro de senso comum, por onde a ideologia da classe dominante se acessa, através dos meios de comunicação e valores estereotipados reproduzidos muitas vezes através das famílias e da comunidade, é nesse quadro que apresento a proposta de trabalho que possa colaborar na implementação da Lei 10.639/03.

OBJETIVO
Como um professor engajado, diria eu, que o principal objetivo seria ajudar na formação de cidadãos engajados e desprendidos do racismo e com consciência política para esses educandos trabalhassem na direção de construir uma sociedade igualitária, justa, respeitando toda amplitude da diversidade.
No entanto, dentro do quadro da própria dificuldade de continuidade de um plano de trabalho dentro da escola e com a comunidade escolar, devo me prender a um objetivo de curto prazo, onde pretendo apresentar a valorização da cultura afro-brasileira e na esteira da cultura, discutir as principais formas de lutas do negro no Brasil, para enfrentar o racismo histórico enraizado em nossa sociedade.


CRONOGRAMA
Quatro aulas semanais de cinquenta minutos, durante um ano.

RECURSOS
       Lousa, giz, caderno do aluno, (apostila fornecida pela Secretaria da Educação de São Paulo), computadores com acesso a internet, livros didáticos, biblioteca da escola.

ESTRATÉGIAS
       Aulas expositivas com a participação dos alunos, buscando formas teatrais para apresentar o tema, atividades para serem realizadas em casa com a participação da família, pesquisas em sala de leitura (biblioteca), internet e a realização de trabalho com exposição em espaços reservados na escola.

METODOLOGIA
       Com a consciência das dificuldades que se apresentam nas escolas em termos de estruturas para a realização de trabalhos fora de sala de aula, porém, sem abandonar e tão pouco se justificar por ela a não realização, pretendo dentro do plano de aula em que trabalho a disciplina Historia Geral e do Brasil, colocar dentro desse programa a História da África e do Negro no Brasil, utilizando-se de livros didáticos, para-didádicos, textos de apoio apropriados para a série.
    Aulas expositivas com os temas gerais, trazendo a problematização e a contextualização da História da África e do Negro no Brasil, trabalhando com pesquisas e com temas próximos da realidade dos educandos.
       Colocando os educandos em contato com a cultura afro-brasileira, partindo do seu cotidiano e conhecimento acumulado, como a música, culinária, tradições, utilizando ferramentas como a internet, cinema, literatura, museus e movimentos culturais existentes dentro da própria comunidade.

AVALIAÇÃO
Existe o processo de avaliação geral e comum estabelecida pela estrutura da escola, com regras estabelecidas pela Secretaria de Educação de São Paulo. No entanto, realizaremos também outro tipo de avaliação, como por exemplo, debates em sala de aula com a participação dos alunos sobre temas diversos que envolvam nosso programa, pesquisas na internet, pesquisa de campo, realização de pequenos seminários com apresentação por parte dos alunos em grupo.

BIBLIOGRAFIA:

JUNIOR, Alfredo Boulos. História Sociedade & Cidadania, 7º ano – São Paulo: FTD 2009 (Coleção História- Sociedade & Cidadania) – Livro Didático.

SOUZA, Mariana de Mello e. África e Brasil Africano – 2ª Ed. São Paulo, Ática, 2007

LOPES, Nei. História e Cultura Africana e Afro-Brasileira – São Paulo, Barsa Planeta, 2008

PINSKY, Jaime. A Escravidão no Brasil – 20ª Ed. – São Paulo, Contexto, 2009

Caderno do Professor e Caderno do Aluno (Secretaria Estadual da Educação)

www.acordacultura.org.br (projeto a Cor da Cultura)




Considerações Finais.
A escola Estadual Maria de Lourdes Vieira, desenvolve alguns projetos voltados à participação e valorização dos alunos, projetos tais como: sarau de literatura, envolvendo alunos do Ensino Médio e do EJA, semana cultural, onde os alunos apresentam trabalhos de poesias, músicas, etc.
Neste processo de realização de trabalhos com temas variados, pretendo apresentar um projeto de realização da semana da consciência negra para o ano de 2013, onde podemos utilizar todas as disciplinas escolares existentes nesta série,  envolvendo os trabalhos realizados pelos alunos durante o ano nas mais diversas disciplinas, alguns exemplos: a história do samba, capoeira, culinária, formação dos quilombos como elemento de resistência, formação da população brasileira,  Zumbi dos Palmares e outros agentes na história do negro no Brasil. 

A Lei pela Lei


UNIVERSIDADE CAMILO CASTELO BRANCO
PÓS-GRADUAÇÃO: HISTÓRIA DA ÁFRICA E DO NEGRO NO BRASIL


As novas diretrizes curriculares para o estudo de História e da Cultura Afro-brasileira e Africana em seus limites e as possibilidades implantação da Lei 10.639/03, das políticas públicas na área de educação.






 






Antonio Luzia Dias
Graduado em Licenciatura em História
Unicastelo – São Paulo e Cursando
Pós-graduação Em História da África e
do Negro no Brasil – Unicastelo –
São Paulo – Brasil




São Paulo
Unicastelo - Itaquera



Neste artigo, procura-se discutir e demonstrar as dificuldades e possibilidades de implantação e implementação da Lei 10.639/03, sancionada em nove de janeiro de 2003, no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que torna obrigatório o Estudo de História e Cultura Afro-brasileira, no ensino fundamental e médio, onde estabelece novos parâmetros e diretrizes curriculares para a Educação das relações étnico-raciais no Brasil.


Palavras chaves: Educação. Relações étnico-raciais. História da África. Cultura Afro-brasileira. Transversalidade.

Introdução
Com a aprovação da Lei 10.639/03 em 09 de janeiro de 2003, torna-se obrigatório o Estudo sobre História da África e a Cultura Afro-brasileira e africana, que altera a Legislação Educacional no Brasil e assinala a necessidade de alterações curriculares nacionais nas relações étnico-raciais no Brasil.
Neste artigo, procura-se analisar os principais aspectos da referida Lei, no contexto dessas relações, além de discutir aspectos relativos ao processo de ensino aprendizagem das disciplinas de História afro-brasileira, cultura afro-brasileira – História africana e cultura africana. Nesta perspectiva, pretende-se de um lado, orientar práticas voltadas à aplicação docente de conteúdos históricos de fatos estéticos próprios da língua portuguesa inserida no contexto africano.
Entretanto pretende-se analisar conjuntamente com a implantação da Lei 10.639/03, o comportamento das instituições educacionais e seus profissionais que enraizados historicamente de preconceitos raciais. A Lei pela Lei não rompe com esse racismo, reconhecendo sim que a Lei como um instrumento importante na luta contra o racismo, mas, haverá que buscar um novo paradigma para o comportamento dos educadores e docentes no Brasil.

1 - Mito da Democracia Racial
Os discursos das elites em relação à democracia racial no Brasil talvez sejam na verdade a melhor forma de conceituar o que realmente essas elites entendem como “democracia”, ou seja, uma sociedade dominada por poucos que concentram a maior parte das riquezas a custa da superexploração do trabalho de muitos.
Na base desta pirâmide social que aí se forma, a população negra tem sido e é alicerce sobre o qual se ergue uma nação rica que não reparte suas riquezas, pois abomina a igualdade (contraditório) e se sustenta sobre o modelo elitista, excludente e de profundas características racistas.
Os aparatos ideológicos constantemente utilizados pelas elites para tentar passar a ideia de democracia racial “conta sempre com uma poderosa forma de persuasão”, as principais, aponta para o exotismo, utilizando-se para tanto de suas culturas e tradições, aspectos da sensualidade, da moda, da dança, do esporte. Esses aspectos acentuam a desigualdade, uma vez que poucos negros de destacam nessas áreas. Quando o fazem, parece que são exemplares de uma concessão garantida pela “bondade” branca.
No entanto, o racismo brasileiro é evidente. A falsa ideia de “democracia racial” ainda mascara mais e ao mascarar o racismo existente nas relações sociais, o que se tenta amortecer consciência da população negra na luta por igualdade e respeito.
2- Dados que Comprovam o Tamanho do Racismo no Brasil

Senso de 2010 – 51% da população é declarado não branca

Educação
13,6% dos negros são analfabetos
6,2% dos brancos são analfabetos
Acesso a Creches
20,7% das crianças brancas de 0 a 3 anos
15,5% das crianças negras de 0 a 3 anos
Anos de Estudos
8,3 anos em média dos brancos
6,5% anos em média dos negros]
Nível Superior
35,8% - dos jovens brancos de 18 a 24 anos
16,4% - dos jovens negros de 18 a 24 anos
3- Análises do Texto de Nilma Lino Gomes
Partindo do texto: Limites e Possibilidades da Implementação da Lei 10.639/03 no Contexto das Políticas Públicas em Educação – de Nilma Lino Gomes.
Dados sobre a autora – Nilma Lino Gomes – possui Graduação em Pedagogia pela Universidade Federal de Minas Gerais (1988), Mestrado em Educação pela mesma Universidade em 1994. Doutorado em Ciências Sociais (Antropologia Social) pela Universidade de São Paulo (2002) e Pós-doutorado em Sociologia pela Universidade de Coimbra – Portugal (2006).
Atualmente é professora adjunta do Departamento de Administração Escolar da Universidade Federal de Minas Gerais, Bolsista de Produtividade CNPQ e coordenadora-geral do programa de Ações Afirmativas na UFMG.
Tem experiência na área de Educação e Antropologia Urbana, atuando principalmente nos seguintes temas: organização escolar, formação de professores para a diversidade étnico-racial, movimentos sociais e educação, relações raciais, diversidade cultural e gênero.
4- Ação Afirmativa
Por ação afirmativa entende-se um conjunto de políticas públicas adotadas com o objetivo de promover a ascensão de grupos socialmente minoritários, sejam eles étnico-culturais, sexuais ou portadores de necessidade especiais. Em síntese, a ação afirmativa tem como objetivo combater as desigualdades sociais resultantes de processos de discriminação negativa, dirigida a setores vulneráveis e desprivilegiados da sociedade.
5- Cotas Raciais
As cotas raciais são uma das principais medidas adotadas em defesa da população afro-brasileira, pois proporciona a inserção de um contingente considerável de negros na rede universitária do país. Consiste basicamente na reserva de parte das vagas das Instituições de ensino superior para candidatos afrodescendentes ou indígenas.
6- Sistema de Cotas
De acordo com o texto aprovado e que foi sancionado pela presidenta, as universidades públicas e institutos, federais, terão que reservar 50% (por cento) do total de vagas por curso e por turno para estudantes que tenham cursado todo o ensino médio em escolas públicas. Destes 50% (por cento) um percentual deverá ser destinado para negros e indígenas, de acordo com a proporção destas populações de cada Estado, segundo dados do último censo. Tudo isto deverá ser aplicado em 4 (quatro) anos, período em que as Universidades terão para fazer a transição.

7- A Lei pela Lei
Próximo de completar 10 anos de existência da Lei 10.639/03, podemos verificar ainda muitas dificuldades em sua aplicação dentro das escolas, pois, ainda esta muito sujeita aos compromissos de engajamentos de setores dos educadores, coordenadores pedagógicos gestores.
Não se construiu ainda uma consciência de uma proposta de trabalho pedagógico – sendo assim, mesmos os trabalhos realizados de forma individuais por iniciativas de alguns professores que dispostos entenderam a importância do trabalho, acabam ficando isolados, sem conseguir articular esse trabalho com os demais professores de outras áreas, ficando a ideia de que isso é uma tarefa dos professores de história somente.
Porém, não devamos deixar de reconhecer o avanço no campo da Legislação que foi colocado a partir da criação da Lei. Ao introduzir a discussão sistemática das relações étnico-raciais e da história e culturas africanas e afro-brasileiras, essa Lei impulsionou mudanças significativas na escola básica brasileira. Ela altera a Lei Nacional nº 9.394/96 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), incluindo e explicitando nesta o cumprimento da educação enquanto direito social passa necessariamente pelo atendimento democrático da diversidade étnico-racial e por um posicionamento político de superação do racismo e das desigualdades raciais. Estamos falando, portanto, não de uma Lei especifica, mas sim, da Legislação que rege toda educação nacional.
Por mais que se tenha resistência em relação ao teor dessa Lei que altera a LDB e suas diretrizes curriculares, e por mais que o seu cumprimento ainda esteja aquém do esperado, é preciso reconhecer que sua aprovação tem causado impactos e inflexões na educação escolar brasileira.
De acordo com a professora Nilma Lino Gomes, em palestra realizada na UFMG, ela apresenta em vídeo uma análise sobre a necessidade de mudanças da mentalidade dos educadores, quando ela analisa a necessidade de formação de educadores na área de educação, uma vez que no momento esta mais voltada para as áreas de História – Antropologia, e ainda assim, mesmo, é muito pequena a formação de professores na área de Historia da África – Cultura afro-brasileira e africana.
Os vários problemas enfrentados dentro da implementação da Lei 10.639/03, temos um quadro precário, pois em algumas escolas isso se dá quase que exclusivamente pela vontade de alguns docentes, alguns pedagogos, alguns gestores e não como uma política educacional.
Ainda se coloca a história da África nas escolas com a visão de descredibilizar a História desse povo, levando um debate muitas vezes somente para o lado da colonização – ajudas humanitárias e não colocando as lutas desses povos em relação às resistências.
Na perspectiva de mudança desse modelo enraizado dentro de uma visão racista, este trabalho deverá ser estruturado com a formação maciça de professores na Educação Básica, onde possa possibilitar um trabalho com maior formação e compreensão de sua importância. Passaremos por uma construção de um Projeto Político Pedagógico que tenha o alcance de uma gestão democrática, onde os mais diversos atores desse processo tenham vozes e sejam considerados dentro do grau de importância para o processo. Neste sentido se busca a possibilidade de sair somente da esfera educacional e consiga envolver os atores da sociedade.
8 - Transversalidade
De acordo com Nilma Lino Gomes, sobre a transversalidade, ela nos apresenta um conceito de transversalidade subalterna, como se processa essa situação, quando fica colocado somente ao docente, nem a escola e tão pouco a política educacional, podemos perceber que quando esse docente vai embora dessa unidade escolar o projeto acaba morrendo, pois, estava ligado ao professor somente. Em outro aspecto é a reprodução do mito da democracia racial, a visão de que vamos fazer porque somos todos iguais, isso, a autora vai tratar de transversalidade sob uma forma de subordinação.
Na esteira da transversalidade a autora vai apontar outra perspectiva que ela chama de transversalidade emancipatória como um caminho a seguir – é necessário o enraizamento da transversalidade na educação básica e superior, não basta só transversalizar, mas, enraizar. Esse enraizamento passa pelas discussões sistemáticas, na formação acadêmica e continuada, na escola dos materiais didáticos e, sobretudo nas praticas dos docentes e profissionais na unidade escolar.
Novos paradigmas para o trabalho dentro das escolas e em sala de aulas – anúncio e denúncia – é a compreensão da História da África e as culturas afro-brasileiras, ela reeduca as populações, educa a sociedade, a escola, garante direitos e contribui para a superação do racismo e nos torna indivíduos melhores, isso, e uma emancipação social. Denúncia – a escola homofóbica – onde aparecem as práticas racistas – políticas racistas no sistema educacional.
Na perspectiva de construir igualdade com diversidade, pois a igualdade sem a diversidade é uma parceria incompleta na garantia do direito. Nesse sentido de mudanças de práticas, teremos que passar por um processo de descolonização de nossas mentes, currículos escolares e as práticas na Educação Básica e Superior.
Após esse levantamento das mais variadas dificuldades que se apresentam para a implantação da Lei 10.639/03, mas que se propõe a trazer alguns elementos que sirvam para reflexões nas perspectivas de contribuições para essa nova visão que aponta para um horizonte que faça aparecer no cenário da educação as lutas anti-racistas, um setor histórico da sociedade e seus agentes que nunca se conformaram com tal situação e que na visão de uma elite racista, que buscou e busca aparatos ideológicos para colocar uma mascara para encobrir suas reais intenções de subjulgar o negro a uma categoria inferior.
A descolonização de nossas mentes, frase tão bem colocada em sua palestra por Nilma Lino Gomes, já teve inicio e nesse caminhar é que vamos construir um novo modelo de sociedade que busque a igualdade, respeitando a diversidade dentro de uma visão de multiculturalismo, esses passos serão lentos, porém, com força e solidez na construção de uma sociedade mais justa.
Sabemos que se apresentam várias dificuldades nos mais variados setores da sociedade e instituições, principalmente na área de educação. Entretanto é com essas dificuldades e nesse quadro que caminharemos para a construção de um novo paradigma, modificando nosso comportamento e práticas no dia a dia dentro das escolas, instituição tão enraizada de uma visão e cultura racista.
Construir o debate e desconstruir as práticas racista dentro da diversidade de pensamento e das dificuldades existentes e olhar para este horizonte e buscar a modificações necessárias sem ter que esperar que todas as condições estejam prontas é tarefa para o agora. Daí a lei deixa de ser só uma garantia jurídica a ser provocada e se constrói na consciência da sociedade o que é muito mais seguro e avançado.

Bibliografia
Tese de Doutorado
Autora: Maria Jose Alburquerque da Silva – doutora em Educação (Universidade Federal do Ceará – UFC); professora da UFPI/CMRV.

Maria Rejane Lima Brandim – Mestre em Educação (Universidade Estadual do Ceará, UECE); professora na UFPI/CMVR.

GOMES, Nilma Lino, Caminhos Convergentes – Estado e Sociedade na Superação das Desigualdades Raciais no Brasil (org), Marlene de Paula, Rosana Heringer.

GOMES, Nilma Lino, limites e Possibilidades da Implantação da Lei 10.639/03 no Contexto das Políticas Públicas em Educação.









sábado, 9 de junho de 2012

SENEGAL - APRESENTAÇÃO DE DADOS



Senegal
           
O Senegal situa-se na Costa Atlântica de África. Ao norte com a Mauritânia, ao este com o Mali, ao sul com a Guiné-Bissau e a Guiné. O Senegal rodeia a Gâmbia. O território senegalês caracteriza-se por ter poucas elevações, no entanto existe uma elevação na zona do sudoeste, na fronteira com o Mali.
O território senegalês está na ponta Oeste é a mais ocidental de toda a África Continental. O Senegal estende-se sobre 196.192 Km2. Comparado com os seus países vizinhos, o Mali e Mauritânia, o Senegal é um pequeno país. O Senegal é composto de 11 regiões. O Senegal está banhado por 5 rios, o mais longo deles é o rio que dá o nome ao país, o rio Senegal, com um comprimento de 1.600 Km e, os outros rios são o Faleme, Gâmbia, Casamance e Saloum. A principal ilha é a Ilha de Gorée, e o principal lago é o Lago Rosa.
Capital
Dacar é a capital do Senegal. A cidade de Dacar é um importante centro administrativo, para a Assembleia Nacional do Senegal.
O Senegal é a maior cidade. A sua posição, sobre o bordo ocidental de África (que é a cidade ocidental africana), é um ponto de partida para a vantajosa transatlântica e do comércio europeu.

Área Geográfica

Área: Total: 196.192 Km
Terra: 192.000 Km
Água: 4.190 Km
Fronteira: Guiné a 330 Km; Guiné-Bissau a 338 Km; Mali a 419 Km; Gâmbia   a 740 Km e
Mauritânia a 813 Km.





Dados da População

População e os seus Costumes:

    No Senegal habitam 12.853.259 de pessoas. A maioria da população concentra-se nas regiões ocidentais e no centro. A taxa de crescimento anual é de 2,58%. A expectativa de vida situa-se entre os 55.7 anos para os homens e de 58.5 anos para as mulheres. A alfabetização atinge os 40%.
Idioma:
A língua oficial é o francês, e a língua nacional é o Wolof. Mas existem também várias línguas indígenas e introduzidas pelos imigrantes.


Diversidade étnica:

          Entre os diferentes grupos étnicos que habitam as regiões do Senegal encontram-se os Wolof, que supõem 43,3% da população. Este grupo étnico domina principalmente na zona norte. Dedicam-se basicamente à agricultura. A língua deste povo é entendida por todos os grupos. Os wolof emigraram para o centro do país durante os séculos XII e XV, enquanto se constituía o Império Diola.

      Os Mandingos foram os primeiros a converterem-se ao Islamismo. Os wolof estavam comandados por um sistema de castas (sistemas tradicionais, hereditários ou sociais de estratificação), que ainda subsiste nos nossos dias, embora com menos rigor. Nobres, camponeses e burgueses, artesãos e escravos formavam a pirâmide social deste grupo. Portanto, é o homem que trabalha nos campos enquanto que a mulher domina os trabalhos domésticos.

        Os Serer, situados no centro do país, principalmente nas províncias de Sine Salum e Diurbel. Formam 14.7% da população. Esta etnia tem a pele muito negra e dedicam-se à agricultura. A sua tradição é animista embora tenham herdado como os Diolas, a fé cristã. A cerimônia do “pnagal” na que veneram as almas dos seus ancestrais, é uma das suas mais fiéis tradições. Estão também islamizados assim como os Sarakole.

       Os Sarakole são de pele mais clara, descendentes dos fundadores do Império de Gana no século XIV, que se estendia desde a atual Gana até ao Senegal e ao Mali. É um povo muito independente e viajante de tradição guerreira. É um grupo de grandes recursos, que tem um grande sentido da solidariedade.

           Os Basaris são um outro grupo étnico do Senegal e da Gâmbia. Estão ligados à tradição animista. Situam-se, sobretudo nos arredores do Parque Niokolo-Koba. É um povo muito familiar que constrói os telhados das suas casas com palhas e que possui cerimônias de grande colorido e animação.
    
           Os Peul, ou Fulani, são pastores nômades, que praticam a criação bovina e guardam manadas de zebuínos. Estão situados no sul, mais propriamente na província de Casamance e nas províncias de Ferlo e Alto Senegal, no leste. O prestígio social vai em consonância do tamanho da sua manada. Os casamentos entre famílias ricas dão lugar aos intercâmbios de gado, o que por sua vez constitui o dote.
    
       A etnia Tuculer encontra-se ao norte ocupando a zona do Senegal Médio. Este grupo tem sido o principal introdutor do Islamismo. Os Tuculer ocupam 12% da população. Também se dedicam ao pastoreio e à criação de gado como os Peul ou Fulanis.

               Também existem outras duas etnias: a Diola, que se situa na província de Casamance, e dedicam-se ao cultivo do arroz e vivem nas regiões florestais. São animistas e subdividem-se em numerosos grupos. A sua estatura é bem mais baixa e a pele é escura. O seu caráter nacionalista é um dos mais fortes, talvez por ter sido um povo muito atacado, e os Lebu dedicam-se à pesca marítima. Estes ocupam a zona entre Dakar e o Rio Salum.  Em geral, os senegaleses são muito acolhedores e amáveis. São pessoas tranquilas e despreocupadas. Não têm a mesma noção do tempo que os europeus. 




ECONOMIA
             O Senegal tem como moeda oficial o Franco (FCA) Centro-africano (FCA) que equivale a 1 euro. Esta moeda tinha uma taxa de câmbio fixa em relação ao franco francês, mas com a reforma econômica apoiada pela comunidade de doadores internacionais esta moeda sofreu uma desvalorização de 50%. Depois desta reforma o país teve uma grande mudança com o PIB real a crescer mais de 5% entre 1995 e 2004.

          A pesca é o setor líder das exportações do Senegal, onde as receitas ultrapassaram 239 milhões de dólares em 2000. As exportações de fosfato, o segundo produto da economia, têm permanecido estáveis, em torno de 95 milhões anuais de dólares. A economia do Senegal é uma das mais estáveis da região.


Reservas Naturais:
      O principal recurso vem do fosfato que é o décimo maior produtor do mundo com 1800000 toneladas por ano. As sondagens têm mostrado a presença do ouro no Senegal Oriente, o qual é pouco aproveitado.
               O mármore e o ferro trazem alguma riqueza a este país.

          A mineração têm-se desenvolvido bastante nos últimos anos, destacando-se o fosfato, o calcário e o sal. Existem apreciáveis reservas de titânio e minério de ferro. Agricultura: O amendoim é o principal produto agrícola (+/- 50% da produção do país).

Pecuária:

Bovinos (2,9 milhões)
Ovinos (4,2 milhões)
Caprinos (3,6 milhões)
Suínos (320 mil)
Equinos (882 mil)
Camelos (7,5 mil)
Aves (44,1 milhões) dados de 1997.


Pesca:
     A atividade tradicional realiza-se através de incentivos governamentais, aos quais se vem modernizando e gerando um excelente exportável, principalmente de atum.

Indústria:
       É um aspecto típico da economia senegalesa, os principais centros industriais. Constituem assim, os principais representantes da industrialização do país, as fábricas de cimento, de óleos vegetais (principalmente de atum), cervejarias, fábricas de produtos químicos e têxteis.  


Transportes:

            Os meios de transporte do Senegal são de certo modo tradicionais, como a charrete e a piroga, apesar de numerosos projetos de equipamentos que estão em curso, como a auto-estrada e o novo aeroporto.

Dados Gerais Econômicos:

     Moeda: Franco CFA

ESTATÍSTICAS:
    Produto Interno Bruto (PIB): US$ 20,610 bilhões (2007) % de cresc. do PIB: 4,8% (2007)
     PIB per capita: US$ 1.700 (2007) PIB por sector: agricultura 16,7%, indústria 18,9%, comércio e serviços 64,4% (2007) Inflação anual: 5,4%População abaixo da linha de pobreza: 54% (2001) Força de trabalho: 4,85 milhões Força de trabalho por setor: 4,82 milhões (2005); 77% da agricultura, indústria e serviços 23 % (1990) Desemprego: 48% (2007) PARCERIAS COMERCIAIS Exportações (US$): 1.587 milhões (2007) Principais produtos exportados: peixe, amendoim, derivados de petróleo, fosfato, algodão Principais mercados: Mali 19,2 %, França 8,3 %, Índia 5,8 %, Gâmbia 5,3 %, Espanha 5,1 %, Itália 4,9 % (2006) Importações (US$): 3.673 bilhões (2007) Principais parceiros: França 25,1 %, Reino Unido 5,2 %, Tailândia 4,8 %, China 4,5 %, Espanha 4 % (2006).




POLÍTICA
       O Senegal tem desempenhado um papel saliente na política Africano desde a sua independência. O Senegal tem sido uma ponte cultural e diplomática entre os mundos islâmico e preto Africano. Dacar converteu-se na capital da colônia francesa da África Ocidental Francesa em 1902. Em Janeiro de 1959, o Senegal e o Sudão Francês uniram-se para formar a Federação de Mali, a qual se tornou independente a 20 de Junho de 1960, como resultado da independência e a transferência do poder, o acordo foi assinado com França a 4 de Abril de 1960. Devido a dificuldades políticas internas, a federação dissolveu-se a 20 de Agosto de 1960. O Senegal e o Sudão Francês (renomeado com a República do Mali) proclamaram a sua independência individualmente.
         O Senegal uniu-se com a Gâmbia para formar a confederação de Senegâmbia em 1982. No entanto, a integração concebida dos dois países nunca se levou a cabo e a união foi dissolvida em 1989. Apesar das conversas de paz, um grupo separatista da região de Casamance chocou esporadicamente com as forças do governo desde 1982. Relativamente ao sistema político do Senegal, este é sistema semi-presidencial, ou seja, uma república liberal democrática. O Presidente do Senegal é o Chefe de Estado e o Primeiro-ministro Chefe do Governo. Quanto aos poderes, o Poder Executivo é exercido pelo Governo e o Poder Legislativo é executado pelo Governo e Parlamento. O Poder Judicial é independente do Poder Executivo e Legislativo. O Senegal é um dos poucos estados africanos que nunca teve um golpe de estado. Léopold Senghor, o primeiro Presidente após a independência, abdicou a favor do seu Primeiro-ministro, Abdou Diouf em 1981.O Senegal tem a sua reputação de transparência na ação governativa. O nível de corrupção econômica que tem minado o desenvolvimento das economias noutras partes do mundo é muito baixa. Hoje o Senegal tem uma cultura política democrática, que faz parte do leque das transições democráticas com mais sucesso de África.

Presidente: 
       O atual Presidente, Abdoulaye Wade, foi eleito em eleições gerais democráticas a 1 de Abril de 2000. Depois de confirmada a sua vitória eleitoral, o Sr. Wade advertiu que a corrupção dos casos envolvendo os seus adversários seria reaberto. A oposição do Partido Socialista disse que iria contestar o resultado. Abdoulaye Wade, foi o fundador do Partido Democrático Senegalês, e ganhou reeleição em Fevereiro de 2007, obtendo quase 56% dos votos – o suficiente para evitar uma segunda rodada de votação. O Presidente é eleito por sufrágio universal para um mandato de 5 anos. A Assembleia Nacional tem 150 membros, que são eleitos separadamente do Presidente. O Partido Socialista dominou a Assembleia Nacional até Abril de 2001, quando em eleições livres e justas, a coligação do Presidente Abdoulaye Wade venceu com maioria de 90 dos 150 lugares. O Cour de Cassation (Supremo Tribunal) e o Conselho Constitucional, tem os seus juízes nomeados pelo Presidente, ou seja, são os mais altos tribunais da nação.

      Principais Funcionários Governamentais:
      Presidente da República – Abdoulaye Wade
Presidente do Senado – Pape Diop
Presidente da Assembleia Nacional – Mamadou Seck
Primeiro-ministro – Cheikh Hadjibou Soumare
Partidos:
     Existem presentemente 72 partidos políticos, muitos dos quais são marginais e pequenos demais para os seus líderes. Os principais partidos políticos, constituem um multipartidarismo, com uma cultura política democrática, o que tem contribuído para uma das mais bem sucedidas transições democráticas em África, sendo uma imagem de todos os países desenvolvidos. Um sistema próspero de meios de comunicação social, livres do controlo informal e oficial, o que também tem contribuído para a política democrática do Senegal.

Os principais Partidos do Senegal, são:
Socialista Senegalês (PS)
Democrático Senegalês (PDS)
União pela Renovação Democrática (URD).

         Durante 40 anos o Partido Socialista (PS) foi o principal partido no Senegal. O seu domínio da vida política acabou em Abril de 2000, quando Abdoulaye Wade, o líder do Partido Democrático Senegalês (PDS) e líder da oposição para mais de 25 anos, ganhou a presidência.
    Sob os termos da Constituição de 2001, os futuros presidentes servem em mandato de 5 anos limitados a dois mandatos. Abdoulaye Wade foi o último presidente a ser eleito para um mandato de 7 anos.
         Deste modo, o Presidente Abdoulaye Wade tem avançado com uma agenda liberal para o Senegal, incluindo privatizações e a abertura de mercado. Ele tem um forte interesse no crescimento regional e internacional do Senegal. A liberalização da economia está em marcha, mas lentamente. O Senegal continua a jogar com as excelentes relações com os Estados Unidos.





EDUCAÇÃO

O Sistema de Ensino não Superior do Senegal consiste no seguinte:

Ensino Pré-Escolar – entre 3 e os 6 anos Ensino Primário (Ensino Básico) – entre os 7 e os 12 anos Ensino Médio (Bacharelato) A maior parte da instrução é nas línguas nacionais. O francês é introduzido a partir da grande secção; A duração de cada sequência de ensino é de 15 minutos para o pequeno troço de 20 minutos para o médio e 25 minutos para a grande secção.  A avaliação no pré-escolar, o professor segue a evolução do desempenho dos seus alunos através de balanços diários, semanais e anuais. Uma tal avaliação é estabelecida após o decurso de três anos. A ação é avaliada através da prova oral (perguntas), escrita (desenhos, escritos sinais, etc.) e comportamentais (adaptando movimentos).

O Ensino Primário:


    O Ensino Primário compreende crianças com idades entre os 7 anos e os 12 anos. O Ensino Primário é obrigatório até ao segundo ano do curso básico (CC2) para alunos já admitidos no sistema. O Ensino Primário, tem como objetivos:Despertar o espírito da criança por meio de atividades que permitam o surgimento e desenvolvimento do seu potencial intelectual de observação, experimentação e análise, e do seu potencial sensorial-motor e emocional; Consolidar o filho na cultura nacional e de valores; Revalorização do trabalho manual e introduzir à criança as técnicas básicas envolvidas em atividades produtivas; Garantir os interesses e as atividades artísticas, culturais e desportivas para o pleno desenvolvimento da personalidade da criança.


Ensino Médio Geral: O Ensino Médio Geral, tem como objetivos:O desenvolvimento do aluno para a  capacidade de observação, experimentação, investigação, ação prática, reflexão, de explicação, análise, síntese, julgamento, invenção e criação.

No ano de 2007 estão matriculados no ensino secundário 25% do sexo masculino e 19% do sexo feminino.

O Ensino Secundário Geral e Técnico:

         O Secundário Geral e Técnico, tem como objetivos: Dar aos estudantes uma sólida base nas disciplinas de ciência, tecnologia e cultura; Fornecer suficientes maestrias dos métodos de investigação científica e técnica; Aprofundar os conhecimentos dos alunos nos processos de produção; Familiarizar os estudantes com grandes obras do mundo da cultura.



       O ensino superior tem como objetivo formar agentes de desenvolvimento incluindo o Senegal e a África, pois precisam ter um papel importante na criação e desenvolvimento do pensamento e da ciência universal. A Sua missão: Treinar pessoas de alto nível, cientificamente e tecnicamente qualificados, adaptados ao contexto Africano e do mundo contemporâneo, ciente da sua responsabilidade para com o seu povo e capaz de servir com dedicação; Desenvolver pesquisas em todas as disciplinas da ciência, tecnologia e cultura, mobilizar todos os recursos intelectuais para o desenvolvimento cultural e econômico do Senegal e da África e participar na resolução dos problemas nacionais e continentais Universidade Cheikh Anta Diop de Dacar Universidade Gaston Berger de Saint Louis Escolas Superiores de Formação Acadêmica Nacional Escola Nacional dos Quadros Rurais Bambey Escola Nacional Superior de Agricultura Escola Nacional de Economia Aplicada





Universidades Privadas.  Universidades: 1. Universidade Cheikh Anta Diop de Dacar (UCAD) A Universidade Cheikh Anta Diop (UCAD), anteriormente denominada de Universidade de Dacar, foi criada a 24 de Fevereiro de 1957 e foi inaugurada oficialmente a 9 de Dezembro de 1959. É a emblemática instituição educacional com diversas escolas profissionais. Esta Universidade tem cerca de 21 escolas, como: FaculdadesFaculdade de Ciências e Tecnologias; Faculdade de Medicina, Farmácia e Odontologia; Faculdade de Letras e Ciências Humanas; Faculdade de Ciências Econômicas e de Gestão; Faculdade de Ciências e Tecnologias da Educação e da Formação; Faculdade de Ciências Jurídicas e Políticas.





RELIGIÃO
          A África é um continente onde a maior parte das religiões do mundo coexistem por vezes boa ou má. O Islão é a religião dominante na zona norte, as religiões cristãs tradicionais estão mais popularizadas no sul. No entanto, existem 88% de muçulmanos de 12% de católicos. Os muçulmanos constituem mais de 90% da população, mas 15% da população pratica uma religião tradicional, como é o caso no Sul. Os casamentos inter-religiosos são numerosos. Alguns incidentes podem irromper esporadicamente, no entanto, especialmente entre as irmandades muçulmanas diferentes. No entanto, os senegaleses reconhecem, de qualquer denominação que seja, a palma da tolerância, tanto na África como no mundo.


CULTURA
  Artesanato e Arte:
            A cultura do Senegal é especialmente conhecida pela qualidade dos seus artesãos que trabalham determinados materiais de forma requintada. O outro, a prata  o bronze são materiais muito bem trabalhados por estes artesãos, mas a pintura em vidro, e o trabalho em tecidos de algodão são também especialidades destes habitantes da região. Os pintores retratam nas pinturas de vidro o dia-a-dia desta população, com humor e talento aplicando também cores vivas de estilo ingênuo, enquanto que o algodão é trabalhado para a roupa tradicional e moderna e serve também para a decoração de todos os tipos de sacos.

           A pintura é essencialmente urbana, e é a expressão cultural das grandes cidades africanas. Ela é o testemunho de uma África Nova, onde ocorrem o encontro de raças e culturas.


Música: 
A música do Senegal é muito apreciada tanto em África como em todo o mundo. O Senegal é um país rico em valores musicais. Cada grupo tem a sua ética e possuem os seus instrumentos musicais que são próprios. A herança musical do Senegal é mais conhecida do que em muitos países africanos, devido à popularidade do mbalax, que é uma forma de música percussiva dos Wolof, e tem sido popularizada por Youssou N´Dour.Alguns dos artistas mundialmente famosos são:Youssou N’Dour – Um dos mais importantes intérpretes da África. A sua música tem alcançado um vasto público. Baaba Maal – É um cantor muito talentoso do Senegal. Ele está a emergir para a ribalta internacional como um dos artistas mais quentes do mundo.


Moda:
Os elementos da cultura são tão comuns entre os diferentes grupos étnicos, que dificilmente se pode distingui-los pelas suas roupas. O mais básico para se vestir é o tecido de algodão. Este tecido estampado é usado normalmente para a vida quotidiana. As roupas em tecidos tingidos estão geralmente reservadas para ocasiões especiais. Este tingimento é uma habilidade muito valorizada que é transmitida de geração em geração. Portanto, as mulheres vestem os vestidos consoante a ocasião. Mas o longo vestido islâmico (“bubu”) geralmente é usado após o trabalho.


Literatura:
Os escritores/autores mais importantes da literatura senegalesa são: Mariama BA Ken BUGUL Nafissatou Niang DIALLO Mamadou DIALLO Birago DIOP Boubacar Boris DIOP David DIOP Aminata Sow FALL Cheikh Hamidou KANE Mame Seck MBACKE Amina SOW MBAYE






Festividades:
Um dos principais dias festivos é o 4 de Abril em que se celebra o aniversário da Independência.  Entre as festas mais singulares encontram-se o Manidan, que se realiza no mês de Abril na região de Kedongon. Nesta festa os músicos são vestidos com máscaras, os quais fazem dançar os homens. Em St. Louis, a 24 de Abril celebram-se os Fanales. Esta festa, trata-se de um desfile acompanhado do som do tam-tam e de lamparinas de papel, que representam todo o tipo de objetos. Na região de Casamance, no mês de Maio celebra-se a Festa da Máscara Kagran.No Verão, de Junho a Julho, durante quatro dias festeja-se o Fil. Nestes quatro dias de festa celebram-se os cantos e as danças e predizem-se os acontecimentos que vão ter lugar ao longo do ano. É também no Verão que se celebram umas vistosas danças que realizam os habitantes vestidos com os trajes tradicionais, ou seja, enquanto dançam e bebem ao redor dos túmulos dos seus antepassados.


Gastronomia: 
A gastronomia senegalesa tem como pratos principais os preparados à base de carne ou de peixe, que são apresentados de diversas maneiras. O prato nacional é o tieboudienne, um preparado de peixe com arroz e verduras. Outra das comidas típicas é o Yassa de peixe, um dourado que se serve acompanhado de arroz cozido. Preparam-se também com peixe e bolinhos. O arroz é um dos ingredientes principais na cozinha senegalesa, que geralmente é o acompanhamento de outros pratos, como o thion de camarões (camarões com salsa de tomate).A carne também é utilizada na preparação de alguns pratos, como o Yassa com frango em salmora de limão verde acompanhado de arroz, e o mufle com amendoins, tomate e arroz.Os bolinhos de milho e bom-bom, os bolinhos com noz de coco e as tortas salgadas com molho de tomate picante também são muito apreciadas nesta região.



ESPORTE


      Alguns dos desportos do Senegal são o futebol, o basquetebol e o Rally. Um dos acontecimentos mais importante do Senegal, é o Rally París Dacar. Carros, caminhões, motos e numerosos veículos de apoio conformam a caravana.


Clima
        O Senegal localiza-se na zona inter-tropical, cujo clima é tropical, mas com temperaturas moderadas. O clima conta com uma estação das chuvas a que se chama Inverno e uma estação de seca. A estação das chuvas acontece de Julho a Outubro com um pico em Agosto e Setembro. As temperaturas mais elevadas são principalmente no Verão, durante a estação das chuvas. As temperaturas mais baixas acontecem no mês de Janeiro. Em geral, o país goza de duas estações: a estação seca e a estação úmida ou de chuvas que é muito curta.


Flora
               Distinguem-se diferentes tipos de flora: ao norte na zona do rio Senegal o ambiente é shaeliano e no Ferto é semidesértico. Ao sul, a vegetação é do tipo subtropical. No sul distingue-se o grande bosque com uma vegetação exuberante. Destaca-se a savana arbórea, e à medida que se vai para o centro pode-se observar o baobá, que atinge os 20 metros e o seu tronco costuma medir uns 9 metros de diâmetro. Trata-se de uma árvore com uma grande capacidade para reter a água. Na zona norte predomina sobretudo as palmeiras e os coqueiros, além de algumas gramíneas e espécies de plantas herbáceas.. Ao sul desta região podem-se ver o baobá, o bambu, a acácia e o tamarindo.

FAUNA
            O Senegal oferece excelentes condições para o desenvolvimento de uma abundante fauna silvestre. Muitos parques e reservas foram criados para proteger a fauna. Assim, o Senegal está localizado numa das principais vias de migração da avifauna selvagem, o que o torna um grande santuário de pássaros. O Senegal tem mais de 450 espécies diferentes de fauna. Muitos destes animais vivem nos seis Parques Nacionais do país, e diferentes espécies de macacos e antílopes, hipopótamos, crocodilos, entre outros. Sobretudo nas regiões do norte vivem numerosas espécies de aves. Na savana a fauna é bastante diversa. Nos pontos de água agrupam-se numerosas aves aquáticas como o tucano ou o candor azul e as ramas das árvores mais baixas são eleitas para a construção de ninhos. Os rios do Senegal são o paraíso dos crocodilos, assim como de todo o tipo de animais terrestres e de aves que se acercam nas águas para beber.


COMENTÁRIOS



Ao Nível da Educação: O Sistema de Educação do Senegal é totalmente baseado no sistema francês, tem a mesma organização.
A Educação no Senegal vive, até hoje, as consequências de o país ter abraçado as políticas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, no final da década de 1970. O setor público recebe poucos investimentos e conta com um número limitado de professores.
O Senegal é um país onde muitas pessoas tem menos de 20 anos, e há muitos jovens em idade escolar.  Deve-se levar em consideração o fato de que o país tem uma história de colonização importante. Depois da independência, em 1960, houve um momento em que a educação pública se desenvolveu bem, quando havia escolas para as crianças.
No entanto, não tinha escolas, e ainda não tem, na zona rural e nas periferias das cidades. A Educação no Senegal vive, até hoje, as consequências de o país ter abraçado as políticas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, no final da década de 1970. O setor público recebe poucos investimentos e conta com um número limitado de professores.  A construção de novas escolas parou. Depois, eles pararam de formar novos professores. Quando os antigos professores se aposentaram, não havia novos profissionais para substituí-los. Nos anos de 1980, existia só um professor para três turmas de cem alunos: de manhã, de tarde e de noite. Com isso, aconteceram muitas reprovações. O exame de seleção para se entrar na escola passou a ter 80% de reprovação.
Para o Banco Mundial, já era bom 20% das crianças passarem. Porque o número de vagas era limitado e como não havia muitas escolas, eles achavam que esse sistema de seleção era bom. O setor público, como consequência, foi se desvalorizando, porque os professores iam para as escolas privadas. A mesma situação pode ser encontrada nas faculdades, onde uma classe que deveria ter 300 alunos tem 500. Para o Banco Mundial, já era bom 20% das crianças passarem. Porque o número de vagas era limitado e como não havia muitas escolas, eles achavam que esse sistema de seleção era bom. O setor público, como consequência, foi se desvalorizando, porque os professores iam para as escolas privadas. A mesma situação pode ser encontrada nas faculdades, onde uma classe que deveria ter 300 alunos tem 500.
Ao nível da educação, para o conjunto do Senegal, o índice de analfabetismo dos adultos eleva-se a 67 % em 1995, um dos mais altos do mundo, com 77 % entre as mulheres e 57 % entre os homens. Esta fragilidade do índice de alfabetização dos adultos e de escolarização dos jovens (26,2 % para o sexo masculino e 19,2 % para o sexo feminino) deve ser confrontada à falta de eficácia do sector da educação, pois, segundo a Revista das despesas do sector de educação, com 4,2 % do PIB, as despesas com a educação no Senegal são 50 % mais elevadas do que os seus vizinhos da África do Oeste, enquanto que estes beneficiam do índice bruto de escolarização mais performático. Apesar de uma nítida melhora da parte do orçamento concedido à educação desde a independência de 1960, que o Senegal continua a ser um dos  países mais fracamente escolarizados da África do Oeste com 5. mais fracamente escolarizados da África do Oeste com 58%  das crianças em idade de ir à escola. •Os mais baixos índices são registrados em Diourbel, Tambacounda e Louga, com a escolarização inferior a 35%. A outra extremidade que constituem Dacar e Ziguinchor está distante com os índices que chegam perto dos 90%. Existem disparidades entre os meninos e as meninas que são mais ou menos marcantes segundo a região considerada. O índice de escolarização das meninas é fraco, representa apenas 40% do total. Além disso, 47% da população com idade entre os 0 e os 15 anos é deixada de lado. O efetivo do ensino elementar passou de 611.000 alunos em 1986/87 para 738.500 em 1992/93 (índice de crescimento de 5%), mas ao mesmo tempo, o índice de aprovação no exame de ingresso ao secundário está estagnado em 20%. Se as pessoas idosas e as mulheres são muito mais atingidas pelo analfabetismo que os homens (82% entre as mulheres contra 63% entre os homens), as pessoas idosas (entre os 50 anos e mais) são analfabetas em mais de 80%. Existe igualmente uma outra diferença entre a localidade urbana ou não. Com efeito, as zonas urbanas são dotadas das infraestruturas favorecendo o avanço da alfabetização. A análise do orçamento da educação ressalta que as despesas para os salários e os repasse sociais estão próximos dos 96%, se bem que apenas 4% são consagrados às despesas do investimento e de funcionamento. Como resultado, temos um défice importante nas infraestruturas e nos equipamentos escolares. Além da fragilidade dos meios colocados à disposição do sistema educativo, um outro fato a favor do baixo nível de escolarização , é a arbitragem favorável ao trabalho infantil. Com Efeito, a família raciocina em curto prazo e tenta maximizar os seus rendimentos. Ao invés de financiar os estudos das crianças, pede-se que estas trabalhem e traguem algo susceptível para aumentar os rendimentos finais de cada mesa. Na educação senegalesa, os artigos 21 e 22 da Constituição aprovada em Janeiro de 2001 garante o acesso à educação para todas as crianças. A educação é obrigatória e gratuita até os 16 anos de idade. No entanto, devido à limitação de recursos e a baixa demanda ou procura por educação laica nas áreas onde a educação é mais prevalente Islâmica, a lei não é plenamente aplicada. Assim, o Ministério do Trabalho revelou que o sistema escolar público é incapaz de lidar com o número de crianças que têm de se inscrever em cada ano. Como resultado, muitas crianças em idade escolar procuram obter educação e formação, através de mais meios informais. Deste modo, o sector educacional tem sido desde há muito visto como uma prioridade, semelhante ao sistema francês. O acordo de cooperação com a França, tornou possível a equivalência de diplomas. Uma das principais preocupações da política educacional do país é a realização de uma escolaridade elevada com qualidade universal. Neste contexto, o Estado tem implementado um programa para a construção de infraestruturas escolares, e dedicou 35% do seu orçamento para a educação.